02/05/2014

O Rapaz conta como foi: PAUS, no Lux (Concerto de Apresentação - "Clarão")


Este artigo foi escrito no contexto da parceria com o Strobe, e como tal, podes vê-lo igualmente neste site (que é bem bonito!)

Foi uma simpática moldura humana que preencheu o piso inferior do Lux, para receber os PAUS e o seu recém-nascido “Clarão”. O quarteto lisboeta (que se deu a conhecer em 2010 com o EP “É Uma Água”), reservou a noite de quarta-feira para apresentar o seu novo trabalho, que vem assim prolongar a marca deixada pelo álbum homónimo: a peculiaridade sonora da banda, trazida pela sua também pouco ortodoxa formação, que posicionou o projecto como um dos mais interessantes que por cá têm aparecido.

A famigerada bateria siamesa dos PAUS, hepicentro de toda a energia característica da banda, era já o centro de toda a curiosidade mesmo antes da dupla Joaquim Albergaria e Hélio Morais se apresentarem em palco para fazerem vibrar cada peça pertencente ao curioso instrumento musical. Situação perfeitamente justificável, e quase sempre recorrente quando nos encontramos num concerto da banda, afinal é este um dos elementos que mais identifica e diferencia a sonoridade da banda.

O quarteto entra em palco, Albergaria e Hélio sentam-se frente a frente preparando-se para um concerto onde “energia” e “destreza” são palavras de ordem, enquanto Fábio Jevelim e Makoto Yagyu se encarregam dos teclados e instrumentos de cordas que aliam a melodia ao frénetico ritmo. “Primeira”, é (e nem o nome engana) a primeira canção que se escuta nesta noite e comprova desde logo essa perfeita simbiose que culmina num preenchido e corpulento som vindo do palco, muito por culpa dos teclados “espaciais” que agora circundam as incansáveis linhas rítmicas. Seguem-se “Cume” e “Clarão”, duas das canções mais entusiasmantes do disco novo da banda, que curiosamente não parecem ser recebidas com grande entusiasmo pela plateia. A timidez inicial ainda não se tinha perdido, e talvez percebendo isso, Hélio dirige as primeiras palavras a quem preenchia a sala: “Eu sei que lançámos o álbum há pouco tempo, e ainda não houve tempo para decorar as letras. Mas o ritmo é universal, ou não?”. Estava dado o mote para uma bonita festa, como seria inicialmente desejado.

“P’ra trás! P’ra trás!” gritava-se agora em palco, não querendo contrariar a tendência de um público que se mostrava agora mais disposto a receber com entusiasmo os estímulos sonoros, mas sim cantando “Pontimola”. “Ouve só” (tema que abre o álbum anterior, de 2011), antecede o single “Bandeira Branca”, agora sim recebido num clima de êxtase,  com ritmos contagiantes remetendo para um ambiente mais tribal.

A perfeita sintonia entre as duas metades da já referida bateria siamesa é verdadeiramente impressionante, e se já é entusiasmante escutar esse fenómeno, conseguir aliar a experiência visual transcende todas as expectativas. A capacidade quase minuciosa de coordenação, permite aos PAUS partir de períodos de calma à antagónica balbúrdia sonora, da ordem ao perfeito caos. A sonoridade camaleónica (dentro do estilo com o qual se comprometem), traz-nos desde a dançável “Cauda Turca”, à misteriosa “Negro” e à esquizofrenia de “Nó”.

Duas das mais aguardadas músicas da banda são tocadas de rajada, “Muito Mais Gente” e “Deixa-me Ser”, canções que ajudaram a construir o reconhecimento que hoje a banda Lisboa mantém dentro e fora do país, e cuja prova residiu no afinco com que o público se prontificou a desfrutar e entoar as letras em uníssono. “Estas são as últimas”, avisa Hélio Morais antes de atirar a “Corta Vazas” e “Pelo Pulso” (tema do primeiro EP do quarteto).

Mas tal como a letra de “Muito Mais Gente” declara, “O fim é um princípio qualquer”, e desta feita o fim anunciado por Hélio, rapidamente se transformou no princípio do habitual encore,  ameaçado por uma falha técnica de pronto solucionada com o bom humor que os PAUS sempre demonstram. O concerto não veria o seu fim, sem que antes Makoto se aventurasse num original crowdwalking. O público outrora pouco mais do que estático, termina a aplaudir o quarteto num clima de apoteose. Quando música contagia, não há inércia que resista. E assim se deu por terminada a noite em que o “Clarão” iluminou Lisboa pela primeira vez. Segue-se agora o Porto. 






1 comentário:

>>>Joana Cardoso disse...

Migo, volta!!!!!!!!!! Tenho saudades dessas reviews <3