Este artigo foi escrito no contexto da parceria com o Strobe, e como tal, podes vê-lo igualmente neste site.
A noite de sexta-feira voltou a trazer o Vodafone Mexefest à capital portuguesa, projectando-a
novamente para o epicentro da música nova e contagiante, que se espalha ao
longo da Avenida da Liberdade. Lisboa transfigura-se assim, durante ontem e
ainda hoje, numa espécie de Disneyland
para os amantes de música, que se aventuraram neste dinâmico festival. Dezenas
de “diversões” (espectáculos musicais, entenda-se) para experienciar, o que
possibilita que cada festivaleiro construa e personalize o seu serão como bem
entender. A minha escolha, recaiu
essencialmente nos nomes mais sonantes, e se estes deixaram quem viu
completamente satisfeito com a opção, a sensação de que muito mais ficou por
ver e ouvir não deixa de estar presente. São eventos como este que nos fazem
pensar que uma das grandes falhas do ser humano, é não ter o dom da
omnipresença!
JUBA, foi esta a primeira paragem numa
noite que se deseja pouco estática. E quando músicos de tenra idade se mostram
tão à vontade em palco, com uma maturidade já bastante desenvolvida e uma noção
de dar espectáculo completamente definida, apercebemo-nos que de facto o sangue
novo da música nacional está bem e recomenda-se. “Mynah”, é este o nome do
primeiro disco destes 4 jovens músicos que ontem fizeram as delícias de quem
encheu a Sala Montepio do Cinema São Jorge, e presenciaram um concerto onde as
guitarras embriagadas de efeitos e as incursões pelo psicadelismo eram a ordem.
É deixar esta JUBA continuar a
crescer, e estaremos certamente perante um caso sério.
Trocando de
sala, mas sem sair do mítico Cinema São Jorge, espera-nos Márcia, que com a sua doce voz cativou e envolveu a Sala Manuel de
Oliveira no seu aclamado “Casulo” e temas de outros trabalhos já bem conhecidos
(a julgar pelas vozes que frequentemente se ouviam) da maioria do público.
Sendo que a esta bonita festa, onde a boa disposição abundava, se juntaram
ainda Samuel Úria (que pouco mais
tarde actuaria com os Xungaria no Céu) e António
Zambujo, o resultado não poderia ter sido algo menor do que extremamente
satisfatório.
Aproximava-se
a hora de um dos concertos mais aguardados da noite: as londrinas Savages, que prometiam “incendiar” o
Coliseu dos Recreios com o seu poderoso “Silence Yourself”, que lhes valeu uma
honrosa nomeação para o Mercury Prize. Sobem ao palco, em tons de negro, e
desde logo se percebeu que as raparigas lideradas pela fantástica frontwoman
Jehnny Beth, vinham para espantar a plateia com o seu rock cru e intenso. Dito
e feito. O Coliseu não poderia ter tido melhor baptismo na sua estreia no
Vodafone Mexefest.
Há que subir
a Avenida para poder ver John Grant, e
numa noite em que a cidade respira música, o Vodafone Bus II faz-nos esse favor
e dá-nos A Armada como companhia até
ao Cinema São Jorge. Tempos mortos é algo que não consta no lineup do festival.
A Sala
Manuel de Oliveira, volta a abrir portas, e desta vez para a primeira lotação
esgotada da edição. John Grant,
trazia na bagagem o mais recente “Pale Ghosts Green” e o antecessor “King of
Denmark”, cuja mistura de canções oscilou entre a electrónica (que deixou a
sala em extâse, transformando o espaço
numa improvisada e frenética pista de dança) e a belíssima simplicidade de John Grant com seu teclado (voltando
assim a sentar e acalmar o público, num bonito sinal de respeito e atenção
demonstrado pelas centenas que esgotavam o espaço). Assim se domina uma
plateia.
De regresso
ao Coliseu dos Recreios, e desta vez apanhando boleia de um dos muitos
“Shuttles” disponibilizados pela organização, aguardava-se actuação daquele que
viria a ser indubitavelmente coroado como o rei desta primeira noite de
Vodafone Mexefest: Woodkid. Do
projecto de Yoann Lemoine esperava-se muito, mas por muito que se expectasse, o
resultado final excedeu largamente todas essas antevisões. Num ambiente
cinematográfico, que combinava as magnificamente concebidas projecções em palco
com a genial pop orquestral (trazida por uma pouco ortodoxa formação:
saxofones, teclados e dois percussionistas), o Coliseu ficou aos pés de Woodkid. O incansável vocalista e
entretainer deu tudo de si, e a plateia que o acolhia retribui de igual e
intensa forma. Contrariando uma das suas canções (e o próprio nome do disco de
estreia), a “Golden Age” de Woodkid
está ainda agora a começar.
Os felizardos
que presenciaram este primeiro dia de Vodafone Mexefest, certamente partiram para casa de peito cheio
de boa música (quaisquer que tenham sido as escolhas feitas). Mas havia que deixar
ainda um espaço, é que no dia seguinte a receita repetir-se-ia. Lisboa voltaria a mexer de palco em palco com
Daughter, Erlend Øye, The Legendary Tigerman e muitos outros.
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