Desapareceu um
ícone, um pioneiro, uma inspiração para muitos. A morte de Lou Reed chegou como um
potente soco no estômago, deixando o universo musical de luto e numa eterna
convalescença da irreparável e profunda ferida que é a perda de um dos mais brilhantes e influentes músicos
da sua história. E é em jeito de homenagem (como não poderia deixar de o
fazer) e agradecimento por tudo o que Lou Reed nos proporcionou enquanto
ferverosos amantes de música, que hoje te recordarei de um dos meus discos
predilectos de sempre, e um dos muitos e bons nos quais o já saudoso Lou Reed
esteve envolvido: “Velvet
Underground & Nico”.
Recuemos então até à
decada de 60, para assim conseguirmos situar o aparecimento de uma das bandas
mais influentes da história
do rock. 1964 mais precisamente, que é o ano do nascimento (cujos
responsáveis foram Lou Reed e John Cale) desta formação que viria a
posicionar-se num estilo mais experimental, pouco usual, criativo e “artístico”
daquilo que era até então conhecido como rock n’ roll. E tendo aparecido em Nova Iorque, em meados da
década de 60, década essa em que a cidade assistia ao vincado amadurecimento da
Pop Art, os Velvet Underground não
tardaram em chamar para si as atenções de um dos principais representantes
deste movimento artístico: Andy
Warhol.
Este assumir-se-ia desta feita, como mentor, financiador e de
certa forma o empresário da banda nova-iorquina, sendo o exemplo perfeito (e
que salta logo à vista) o facto de Warhol ter concebido o lendário desenho da “banana”
especificamente para a capa do disco que hoje te falo. Mas outra fulcral
influência de Andy Warhol no Velvets, foi a entrada da alemã Nico na formação da
banda. Acontecimento esse, que gerou uma certa rejeição inicial por parte dos
elementos originais, presente até mesmo no nome do disco: “Velvet Underground & Nico”,
que deixa claramente a cantora (que tem a seu cargo a voz principal de 3 temas
do disco) de parte. Mas o que há para reter aqui é: o disco saiu em 1967, e fica certamente
na história como um dos
melhores de sempre!
11 fabulosas músicas
compõem este “Velvet Underground & Nico”, e a verdade é que se me pedires
para escolher a minha preferida….eu não vou conseguir. Elaboradas composições cheias
de distorção e confusão, sons a roçar o estridente (exemplo disso é “European Son”), uma quase
sempre fobia ao “arrumadinho” e ao correcto, que vão entrar num agradável conflito com os
calmos ritmos, quase ao género de música de embalar, como são os casos de “Femme Fatale”, “I’ll be Your Mirror” e “Sunday Morning” ( faixa
que abre o disco, e à qual gosto de chamar “música do bocejo”, visto que
costuma ser o meu despertador). Temas como o uso de drogas (vincada em “Heroin” e “I’m Waiting For The Man”),
a prostituição (premissa utilizada em “There She Goes Again”) e o lado mais oculto e
obscuro (presente em “The
Black Angel’s Death Song” e “Venus in Furs”) são recorrentes e frequentes durante esta
extasiante experiência musical. Completando o álbum estão inesquecíveis músicas
tais como: “Run Run Run”,
“All Tomorrow’s Parties”
e “European Son”.
Um álbum tão revolucionário para o seu
tempo, que infelizmente se traduziu num escassos número de exemplares vendidos.
Circula até uma curiosa teoria sobre esse facto(que ao mesmo tempo demonstra a
sua capacidade inspiradora),
que nos conta que as poucas pessoas que compraram o álbum,começaram uma banda.
Prova disso mesmo, e demonstrando o quão importante foi este álbum, é o facto
de eu estar aqui a falar-te nele 46 anos depois de ter saído. Assim se
conquista a imortalidade.
Rock in Peace, Lou Reed.
1 comentário:
bem, este é sem dúvida um dos meus albuns preferidos de sempre, mas tenho que dizer que por alguma razão que ainda me é alheia a "heroin" e a "venus in furs" são as minhas preferidas!
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