30/10/2013

O Rapaz recorda: "The Velvet Underground & Nico" (The Velvet Underground, 1967)



  Desapareceu um ícone, um pioneiro, uma inspiração para muitos. A morte de Lou Reed chegou como um potente soco no estômago, deixando o universo musical de luto e numa eterna convalescença da irreparável e profunda ferida que é a perda de um dos mais brilhantes e influentes músicos da sua história. E é em jeito de homenagem (como não poderia deixar de o fazer) e agradecimento por tudo o que Lou Reed nos proporcionou enquanto ferverosos amantes de música, que hoje te recordarei de um dos meus discos predilectos de sempre, e um dos muitos e bons nos quais o já saudoso Lou Reed esteve envolvido: “Velvet Underground & Nico”.

  Recuemos então até à decada de 60, para assim conseguirmos situar o aparecimento de uma das bandas mais influentes da história do rock. 1964 mais precisamente, que é o ano do nascimento (cujos responsáveis foram Lou Reed e John Cale) desta formação que viria a posicionar-se num estilo mais experimental, pouco usual, criativo e “artístico” daquilo que era até então conhecido como rock n’ roll. E tendo aparecido em Nova Iorque, em meados da década de 60, década essa em que a cidade assistia ao vincado amadurecimento da Pop Art, os Velvet Underground não tardaram em chamar para si as atenções de um dos principais representantes deste movimento artístico: Andy Warhol.

   Este assumir-se-ia desta feita, como mentor, financiador e de certa forma o empresário da banda nova-iorquina, sendo o exemplo perfeito (e que salta logo à vista) o facto de Warhol ter concebido o lendário desenho da “banana” especificamente para a capa do disco que hoje te falo. Mas outra fulcral influência de Andy Warhol no Velvets, foi a entrada da alemã Nico na formação da banda. Acontecimento esse, que gerou uma certa rejeição inicial por parte dos elementos originais, presente até mesmo no nome do disco: “Velvet Underground & Nico”, que deixa claramente a cantora (que tem a seu cargo a voz principal de 3 temas do disco) de parte. Mas o que há para reter aqui é: o disco saiu em 1967, e fica certamente na história como um dos melhores de sempre!

  11 fabulosas músicas compõem este “Velvet Underground & Nico”, e a verdade é que se me pedires para escolher a minha preferida….eu não vou conseguir. Elaboradas composições cheias de distorção e confusão, sons a roçar o estridente (exemplo disso é “European Son”), uma quase sempre fobia ao “arrumadinho” e ao correcto, que vão entrar num agradável conflito com os calmos ritmos, quase ao género de música de embalar, como são os casos de “Femme Fatale”, “I’ll be Your Mirror” e “Sunday Morning” ( faixa que abre o disco, e à qual gosto de chamar “música do bocejo”, visto que costuma ser o meu despertador). Temas como o uso de drogas (vincada em “Heroin” e “I’m Waiting For The Man”), a prostituição (premissa utilizada em “There She Goes Again”) e o lado mais oculto e obscuro (presente em “The Black Angel’s Death Song” e “Venus in Furs”) são recorrentes e frequentes durante esta extasiante experiência musical. Completando o álbum estão inesquecíveis músicas tais como: “Run Run Run”, “All Tomorrow’s Parties” e “European Son”.

  Um álbum tão revolucionário para o seu tempo, que infelizmente se traduziu num escassos número de exemplares vendidos. Circula até uma curiosa teoria sobre esse facto(que ao mesmo tempo demonstra a sua capacidade inspiradora), que nos conta que as poucas pessoas que compraram o álbum,começaram uma banda. Prova disso mesmo, e demonstrando o quão importante foi este álbum, é o facto de eu estar aqui a falar-te nele 46 anos depois de ter saído. Assim se conquista a imortalidade. Rock in Peace, Lou Reed.






1 comentário:

Anónimo disse...

bem, este é sem dúvida um dos meus albuns preferidos de sempre, mas tenho que dizer que por alguma razão que ainda me é alheia a "heroin" e a "venus in furs" são as minhas preferidas!