Decidi
elaborar também uma lista de álbuns que considero, de certa forma, que passaram
um pouco
despercebidos neste ano editorial que agora termina. Não pela sua falta
de qualidade (isso é que coisa que abunda nesta dezena de discos), mas sim pelo
facto de ainda não assumirem um estatuto de grande destaque no panorama
musical. E que melhor local para o fazer do que nesta rubrica de “Subvalorizados de Alto
Calibre”? No fundo, é até uma boa desculpa para te falar de mais discos
que ouvi repetidas vezes neste ano!
“The Golden Age” – Woodkid |
O projecto do
francês Yoann
Lemoine foi sem dúvida uma das maiores surpresas deste ano de 2013. “The Golden Age”,
álbum de estreia, projecta-nos para um empolgante ambiente cinematográfico
pautado pelos fortes e viciantes ritmos percussivos, que rapidamente elevaram Woodkid ao patamar
de protagonista dos projectos que este ano se mostraram (de forma mais
afirmativa) ao público. Muito se espera de Woodkid.
“Paracosm” – Washed Out |
Este “Paracosm”, é a
banda sonora perfeita para aqueles sonhos que desejas que nunca tenham fim. Uma
sonoridade suave e hipnótica, acompanhada por uma voz que aparenta ser quase
monocórdica e pouco variável, são elementos que contribuem para uma rápida
inclusão neste universo
chillwave concebido por Ernest Green. “Sensaborão” dirão alguns,
“cala-te, ouve e relaxa” digo-te eu.
“Loud City Song” – Julia Holter |
Julia Holter
tem uma daquelas vozes sedutoras, que podíamos escutar horas a fio sem
demonstrar o mínimo sinal de aborrecimento. E quando a uma característica inata
se junta uma noção musical tão apurada e definida, o resultado só poderia ser
algo da qualidade de “Loud
City Song”. O fenómeno musical próximo das suas raízes e simplicidade,
faz-nos desejar que estes 45 minutos de duração nunca cheguem ao fim.
“Mala” – Devendra Banhart |
Devendra Banhart,
artista hispano-americano, é alguém que já nos tem vindo a habituar a
fantásticos discos, que acabam sempre por figurar nas listas de melhores dos
anos em que são editados. É por isso, para mim, um artista que se encaixa na
perfeição na categoria que dá nome a esta rubrica: um verdadeiro “Subvalorizado
de Alto Calibre”. “Mala”,
é mais um motivo para que seja assim considerado. Um disco marcado por um já
habitual folk de
sorriso nos lábios, onde o bom humor do músico se deixa transparecer ao
longo das 14 músicas que compõem o álbum.
“Fuzz” – Fuzz |
Quando uma banda se
forma em Janeiro e em Setembro decide logo lançar o seu álbum de estreia,
existem dois possíveis resultados: um desastre total, ou um algo parecido com
este “Fuzz”.
Passo a explicar. Este álbum é nada mais nada menos do que o resultado de um
grupo músicos extremamente talentosos (ou não fosse este um dos projectos de Ty Segall, que se
assume na formação dos Fuzz como baterista/vocalista) que têm uma incontrolável
vontade de tocar rock como se não houvesse amanhã. É essa a essência do disco,
a despreocupação com o correcto, e a valorização daquilo que de melhor pode
trazer o garage rock:
a naturalidade com que se faz música.
“Corsicana Lemonade” – White Denim |
Eu sei, já é a 3ª
vez que falo destes rapazes aqui no blog. Mas verdade seja dita, não faria
sentido fazer uma lista de “melhores do ano” sem incluir o trabalho deles.
Quase tudo o que disse sobre a sonoridade dos Fuzz, podia perfeitamente
aplicar-se a estes White
Denim. Mais uma vez (na linha do que tinha acontecido com “D”),“Corsicana Lemonade”
revela os brilhantes executantes que são os integrantes da banda, capazes de
“agarrar” qualquer um às fantásticas sequências instrumentais presentes na
maioria das faixas.
“Walking on a Pretty Daze” – Kurt Vile
|
Kurt Vile faz-me
lembrar aquele tipo de “gajo” que anda sempre de cigarro na boca e de guitarra
às costas. E o que me traz essa imagem à cabeça, é a tremenda descontração e naturalidade
com que o seu talento se revela em cada trabalho que nos dá a conhecer, e neste
“Walking on a Pretty
Daze” a situação repete-se. Músico de voz despreocupada, é
essencialmente nas suas capacidades enquanto guitarrista e letrista que
assentam as grandes virtudes da sua sonoridade indie rock de temáticas grunge.
“Slow Focus” – Fuck Buttons |
Lembras-te de há uns
anos atrás andar muito em voga falar daquela coisa das drogas virtuais/sonoras?
iDrugs, acho que era isso. Pronto, este álbum é exactamente isso mas numa boa
versão melódica, e sem o risco de nos causar hemorragias cerebrais ou algo
desse género. 52 minutos de uma estranha e nada convencional viagem
electrónica/alienígena que me deixou absolutamente rendido a este “Slow Focus”.
Falando em
alienígenas e fenómenos de outro planeta (literalmente), chega a altura ideal
para introduzir nesta quase finalizada lista, o “Our Own Masters” dos venusianos (eu disse,
literalmente) Valient Thorr. A banda de metal que tem como seu
porta-voz/profeta musical o icónico e poderoso Valient Himself, prefigura-se uma vez mais com
este disco como uma das melhores bandas dentro do seu género e uma das mais
entusiasmantes formações para ver, ouvir e sentir ao vivo. E se nos
instrumentos têm uma inesgotável fonte de poder e destruição, as mensagens que
as letras transmitem são simpáticos e necessários conselhos vindos de seres de Vénus que querem
fazer do planeta Terra um lugar melhor. Escuta terráqueo!
“Sunbather” – Deafheaven |
Confesso que
geralmente sofro de uma certa “alergia audtiva” a tudo o que sejam screamos. Não costumam ser, de todo, um
som que aprecie. E é por esse motivo que considero que este disco dos Deafheaven tenha
sido o que mais me surpreendeu neste ano editorial de 2013. Numa perfeita
simbiose e equilíbrio entre o portentoso intrumental da bateria e guitarras(que se revelam
bastante mais melódicas e perceptíveis do que seria de esperar de uma banda que
se categoriza como sendo de “Black Metal”) e a voz em constante esforço de George Clarke (que
aparece para incutir mais poder e “corpo” ao instrumental, e desaparece quando
os momentos são de maior calma) culminam numa belíssima sonoridade que a mim me deixou
absolutamente fascinado.
E pronto, aqui ficam
mais uns quantos bons álbuns que este ano se fartaram de rodar aqui por casa (e
nos dispositivos móveis que suportam ficheiros mp3, claro). E assim termina
2013 para esta rubrica. Que 2014 nos traga mais “Alto Calibre” e menos
“Subvalorizados”!
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