28/12/2013

O Rapaz escolhe: 10 Fantásticos Álbuns de 2013 (Subvalorizados de Alto Calibre)


Decidi elaborar também uma lista de álbuns que considero, de certa forma, que passaram um pouco despercebidos neste ano editorial que agora termina. Não pela sua falta de qualidade (isso é que coisa que abunda nesta dezena de discos), mas sim pelo facto de ainda não assumirem um estatuto de grande destaque no panorama musical. E que melhor local para o fazer do que nesta rubrica de “Subvalorizados de Alto Calibre”? No fundo, é até uma boa desculpa para te falar de mais discos que ouvi repetidas vezes neste ano!

“The Golden Age” – Woodkid

O projecto do francês Yoann Lemoine foi sem dúvida uma das maiores surpresas deste ano de 2013. “The Golden Age”, álbum de estreia, projecta-nos para um empolgante ambiente cinematográfico pautado pelos fortes e viciantes ritmos percussivos, que rapidamente elevaram Woodkid ao patamar de protagonista dos projectos que este ano se mostraram (de forma mais afirmativa) ao público. Muito se espera de Woodkid.

“Paracosm” – Washed Out

Este “Paracosm”, é a banda sonora perfeita para aqueles sonhos que desejas que nunca tenham fim. Uma sonoridade suave e hipnótica, acompanhada por uma voz que aparenta ser quase monocórdica e pouco variável, são elementos que contribuem para uma rápida inclusão neste universo chillwave concebido por Ernest Green. “Sensaborão” dirão alguns, “cala-te, ouve e relaxa” digo-te eu.


“Loud City Song” – Julia Holter

Julia Holter tem uma daquelas vozes sedutoras, que podíamos escutar horas a fio sem demonstrar o mínimo sinal de aborrecimento. E quando a uma característica inata se junta uma noção musical tão apurada e definida, o resultado só poderia ser algo da qualidade de “Loud City Song”. O fenómeno musical próximo das suas raízes e simplicidade, faz-nos desejar que estes 45 minutos de duração nunca cheguem ao fim.


“Mala” – Devendra Banhart

Devendra Banhart, artista hispano-americano, é alguém que já nos tem vindo a habituar a fantásticos discos, que acabam sempre por figurar nas listas de melhores dos anos em que são editados. É por isso, para mim, um artista que se encaixa na perfeição na categoria que dá nome a esta rubrica: um verdadeiro “Subvalorizado de Alto Calibre”. “Mala”, é mais um motivo para que seja assim considerado. Um disco marcado por um já habitual folk de sorriso nos lábios, onde o bom humor do músico se deixa transparecer ao longo das 14 músicas que compõem o álbum.


“Fuzz” – Fuzz

Quando uma banda se forma em Janeiro e em Setembro decide logo lançar o seu álbum de estreia, existem dois possíveis resultados: um desastre total, ou um algo parecido com este “Fuzz”. Passo a explicar. Este álbum é nada mais nada menos do que o resultado de um grupo músicos extremamente talentosos (ou não fosse este um dos projectos de Ty Segall, que se assume na formação dos Fuzz como baterista/vocalista) que têm uma incontrolável vontade de tocar rock como se não houvesse amanhã. É essa a essência do disco, a despreocupação com o correcto, e a valorização daquilo que de melhor pode trazer o garage rock: a naturalidade com que se faz música.


“Corsicana Lemonade” – White Denim

Eu sei, já é a 3ª vez que falo destes rapazes aqui no blog. Mas verdade seja dita, não faria sentido fazer uma lista de “melhores do ano” sem incluir o trabalho deles. Quase tudo o que disse sobre a sonoridade dos Fuzz, podia perfeitamente aplicar-se a estes White Denim. Mais uma vez (na linha do que tinha acontecido com “D”),“Corsicana Lemonade” revela os brilhantes executantes que são os integrantes da banda, capazes de “agarrar” qualquer um às fantásticas sequências instrumentais presentes na maioria das faixas.


“Walking on a Pretty Daze” – Kurt Vile

Kurt Vile faz-me lembrar aquele tipo de “gajo” que anda sempre de cigarro na boca e de guitarra às costas. E o que me traz essa imagem à cabeça, é a tremenda descontração e naturalidade com que o seu talento se revela em cada trabalho que nos dá a conhecer, e neste “Walking on a Pretty Daze” a situação repete-se. Músico de voz despreocupada, é essencialmente nas suas capacidades enquanto guitarrista e letrista que assentam as grandes virtudes da sua sonoridade indie rock de temáticas grunge.


“Slow Focus” – Fuck Buttons
Lembras-te de há uns anos atrás andar muito em voga falar daquela coisa das drogas virtuais/sonoras? iDrugs, acho que era isso. Pronto, este álbum é exactamente isso mas numa boa versão melódica, e sem o risco de nos causar hemorragias cerebrais ou algo desse género. 52 minutos de uma estranha e nada convencional viagem electrónica/alienígena que me deixou absolutamente rendido a este “Slow Focus”.



“Our Own Masters” – Valient Thorr

Falando em alienígenas e fenómenos de outro planeta (literalmente), chega a altura ideal para introduzir nesta quase finalizada lista, o “Our Own Masters” dos venusianos (eu disse, literalmente) Valient Thorr. A banda de metal que tem como seu porta-voz/profeta musical o icónico e poderoso Valient Himself, prefigura-se uma vez mais com este disco como uma das melhores bandas dentro do seu género e uma das mais entusiasmantes formações para ver, ouvir e sentir ao vivo. E se nos instrumentos têm uma inesgotável fonte de poder e destruição, as mensagens que as letras transmitem são simpáticos e necessários conselhos vindos de seres de Vénus que querem fazer do planeta Terra um lugar melhor. Escuta terráqueo!



“Sunbather” – Deafheaven

Confesso que geralmente sofro de uma certa “alergia audtiva” a tudo o que sejam screamos. Não costumam ser, de todo, um som que aprecie. E é por esse motivo que considero que este disco dos Deafheaven tenha sido o que mais me surpreendeu neste ano editorial de 2013. Numa perfeita simbiose e equilíbrio entre o portentoso intrumental da bateria e guitarras(que se revelam bastante mais melódicas e perceptíveis do que seria de esperar de uma banda que se categoriza como sendo de “Black Metal”) e a voz em constante esforço de George Clarke (que aparece para incutir mais poder e “corpo” ao instrumental, e desaparece quando os momentos são de maior calma) culminam numa belíssima sonoridade que a mim me deixou absolutamente fascinado.

E pronto, aqui ficam mais uns quantos bons álbuns que este ano se fartaram de rodar aqui por casa (e nos dispositivos móveis que suportam ficheiros mp3, claro). E assim termina 2013 para esta rubrica. Que 2014 nos traga mais “Alto Calibre” e menos “Subvalorizados”!

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