18/09/2013

O Rapaz fala de: "MGMT" (MGMT)


  Quando Benjamin Goldwasser e Andrew VanWyngarden fizeram nascer os MGMT, em 2004, dificilmente poderiam prever a velocidade com que iriam deixar uma marca tão bem vincada e duradoura na história da música recente. Estes dois jovens rapazes (aos quais se juntaram posteriormente mais elementos) teriam de ser tremendamente ambiciosos, ou bastante confiantes das suas capacidades enquanto músicos, para conseguir imaginar que num curto espaço de dois anos,(altura em que o disco de estreia, “Oracular Spectacular”, foi editado) temas como “Kids” e “Time to Pretend” andassem nas bocas do mundo e se tornassem automaticamente hinos de uma geração.

  Mas ao contrário do que seria provavelmente esperado, os norte-americanos MGMT, não se deixaram “adormecer” à sombra do enorme sucesso transacto, e também não procuraram replicar os “hits” que os elevaram a banda-sensação, como se “Kids” ou “Time to Pretend” fossem obra de uma qualquer fórmula mágica, muito pelo contrário. E como prova dessa mesma proatividade e vontade de mostrar que a banda não se caracterizava apenas por 2 ou 3 sucessos estrondosos, os MGMT lançam “Congratulations” (2009), que revelou um grupo sem complexos de querer soar ao primeiro disco e sem receio de apostar em algo completamente diferente dessa outrora tão bem sucedida sonoridade. O segundo álbum funcionou assim como uma espécie de etapa intermédia na metamorfose dos MGMT, dando indícios de uma cada vez mais evidente incursão pelo universo psicadélico. A evolução estava à vista, e o resultado final está agora em “MGMT” (lançado dia 16 deste mês de Setembro ).

  E se pode parecer estranho o facto de uma banda lançar um álbum homónimo ao terceiro registo, a verdade é que neste caso não poderia fazer mais sentido. É assim que os MGMT se assumem como músicos, e com o estilo musical que desde os tempos de “Congratulations” andavam a ameaçar adoptar. O psicadelismo e o som estranho e experimental que tanto parece entusiasmar a banda de “Electric Feel”, fundem-se neste álbum de uma forma tão envolvente que nos dá a certeza que de facto os MGMT conseguiram definir e consolidar a sua sonoridade.

Um turbilhão de sintetizadores e outros intrumentos pautados pela distorção, que culminam numa nuvem psicadélica pronta levar a nossa mente para bem longe. É assim que de uma forma sucinta mas altamente eficaz se pode classificar aquilo que nos traz “MGMT”, que não só nos oferece uma excelente experiência sonora, como também se transforma numa hipnotizante e altamente sensorial experiência visual (usando algo a que a banda chama "Optimizer", uma espécie de bónus para quem adquire o disco). E é precisamente desde o crescendo inicial da música que abre as hostilidades deste disco, o single “Alien Days”, que rapidamente conseguimos aperceber-nos que estamos a entrar no universo paralelo de “MGMT”. É ao passar pelas batidas bem conseguidas de “Cool Song No 2” e “Mistery Disease” , que o ambiente psicadélico se começa a adensar e a tornar-se mais cativante, de tal modo que a banda se atreve em “Your Life is a Lie” a pôr em causa a vida real que o ouvinte deixou momentaneamente esquecida ("Here's the deal/ Open your eyes/ Your life is a lie", assim nos dizem). A partir da 5ª faixa, que assinala a metade que divide o álbum, os sons começam a tornar-se substancialmente mais minimalistas (como em “A Good Sadness”, “Astro-Mancy” e principalmente em “I Love You, Death”), e onde a banda revela uma capacidade impressionante de prender a nossa atenção com o mais ínfimo som. Este ambiente envolvente, prossegue então numa “catchy” e animada “Pleanty of Girls in the Sea”, que funciona como uma espécie abraço psicadélico ao indie rock outrora produzido pelos MGMT, e culmina numa aconchegante e prolongada despedida denominada “An Orphan Of Fortune”.
  “MGMT”, é assim um álbum que vale muito pelo seu todo (não menosprezando o poder individual de algumas canções), muito graças ao universo sonoro e coeso que consegue criar na mente de quem o escuta.

  E se os Tame Impala são os príncipes do psicadelismo, este disco poderá ter revelado um novo lugar ocupado nessa honrosa dinastia. Nós agradecemos.




1 comentário:

Ariana disse...

Não conheço os sons desta banda, mas gostei deste tema Alien Days. Não sei se ira parecer mal o que vou "dizer" mas notei algo de Beatles, não sei se terão algumas influencias..
Já agora partilho o meu blog, onde também partilho um pouco do meu gosto musical. Se quiseres visitar e deixar um comentario.
http://amiudaquedescobriuorocknroll.blogspot.pt/