Quando Benjamin Goldwasser
e Andrew
VanWyngarden fizeram nascer os MGMT, em 2004, dificilmente poderiam prever a
velocidade com que iriam deixar uma marca tão bem vincada e duradoura na história
da música recente. Estes dois jovens rapazes (aos quais se juntaram
posteriormente mais elementos) teriam de ser tremendamente ambiciosos, ou bastante
confiantes das suas capacidades enquanto músicos, para conseguir imaginar que
num curto espaço de dois anos,(altura em que o disco de estreia, “Oracular Spectacular”,
foi editado) temas como “Kids”
e “Time to Pretend”
andassem nas bocas do mundo e se tornassem automaticamente hinos de uma
geração.
Mas ao contrário do
que seria provavelmente esperado, os norte-americanos MGMT, não se deixaram “adormecer” à
sombra do enorme
sucesso transacto, e também não procuraram replicar os “hits” que os
elevaram a banda-sensação, como se “Kids” ou “Time to Pretend” fossem obra de uma qualquer
fórmula mágica, muito pelo contrário. E como prova dessa mesma proatividade e
vontade de mostrar que a banda não se caracterizava apenas por 2 ou 3 sucessos
estrondosos, os MGMT
lançam “Congratulations”
(2009), que revelou um grupo sem complexos de querer soar ao primeiro disco e
sem receio de apostar em algo completamente diferente dessa outrora tão bem
sucedida sonoridade. O segundo álbum funcionou assim como uma espécie de etapa intermédia na
metamorfose
dos MGMT,
dando indícios de uma cada vez mais evidente incursão pelo universo psicadélico.
A evolução estava à vista, e o resultado final está agora em “MGMT” (lançado dia
16 deste mês de Setembro ).
E se pode parecer
estranho o facto de uma banda lançar um álbum homónimo ao terceiro registo, a
verdade é que neste caso não
poderia fazer mais sentido. É assim que os MGMT se assumem como músicos,
e com o estilo musical que desde os tempos de “Congratulations” andavam a ameaçar adoptar. O
psicadelismo e o som estranho e experimental que tanto parece entusiasmar
a banda de “Electric Feel”, fundem-se neste álbum de uma forma tão envolvente que nos dá a certeza que de
facto os MGMT conseguiram
definir e consolidar a sua sonoridade.
Um turbilhão de sintetizadores e
outros intrumentos pautados pela distorção, que culminam numa nuvem
psicadélica pronta levar a nossa mente para bem longe. É assim que de uma forma
sucinta mas altamente
eficaz se pode classificar aquilo que nos traz “MGMT”, que não só nos oferece uma excelente experiência sonora,
como também se transforma numa hipnotizante e altamente sensorial experiência visual
(usando algo a que a banda chama "Optimizer", uma espécie de bónus para quem adquire o disco). E é precisamente desde o
crescendo inicial da música que abre as hostilidades deste disco, o single “Alien Days”, que rapidamente
conseguimos aperceber-nos que estamos a entrar no universo paralelo de “MGMT”. É ao passar pelas batidas bem conseguidas de “Cool Song No 2” e “Mistery Disease” , que o ambiente psicadélico se
começa a adensar e a tornar-se
mais cativante, de tal modo que a banda se atreve em “Your Life is a Lie” a pôr
em causa a vida real que o ouvinte deixou momentaneamente esquecida ("Here's the deal/ Open your eyes/ Your life is a lie", assim nos dizem). A partir
da 5ª faixa, que
assinala a metade que divide o álbum, os sons começam a tornar-se substancialmente mais
minimalistas (como em “A Good Sadness”, “Astro-Mancy” e principalmente em “I Love You, Death”), e onde a banda revela uma capacidade impressionante
de prender a nossa atenção com o mais ínfimo som. Este ambiente envolvente, prossegue então
numa “catchy” e animada “Pleanty
of Girls in the Sea”, que funciona como uma espécie abraço psicadélico ao indie rock
outrora produzido pelos MGMT, e culmina numa aconchegante e prolongada
despedida denominada “An Orphan
Of Fortune”.
“MGMT”, é assim um álbum
que vale muito pelo seu todo (não menosprezando o poder individual de algumas canções), muito graças
ao universo sonoro e coeso
que consegue criar na mente de quem o escuta.
E se os Tame Impala são os
príncipes do psicadelismo, este disco poderá ter revelado um novo lugar ocupado
nessa honrosa dinastia.
Nós agradecemos.
1 comentário:
Não conheço os sons desta banda, mas gostei deste tema Alien Days. Não sei se ira parecer mal o que vou "dizer" mas notei algo de Beatles, não sei se terão algumas influencias..
Já agora partilho o meu blog, onde também partilho um pouco do meu gosto musical. Se quiseres visitar e deixar um comentario.
http://amiudaquedescobriuorocknroll.blogspot.pt/
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