561 dias, é este o espaço temporal (se as minhas contas não falharam)
que separa o momento em que os Arctic Monkeys revelaram ao mundo “R U Mine?” (que viria a ser o primeiro single do
novo álbum) e este dia 9 de Setembro de 2013 em que a banda de originária de
Sheffield lança oficialmente o tão aguardado “AM”. E foi precisamente a partir do momento em que
se ouviu o primeiro single deste “AM, que começou uma tremenda especulação e ânsia daquilo que poderia vir a ser o 5º
trabalho destes primatas dos ártico. Uma espera apesar de tudo muito bem
controlada pela banda, que ia aumentando as expectativas enquanto revelava faixas,
capa e nome que iriam constituir então o sucessor de “Suck it and See” (2011), ao mesmo tempo que
Alex Turner ia revelando um visual renovado e uma postura em palco, que deixava
antever uma mudança de
rumo no percurso musical da banda.
Mas será que toda esta expectativa e promessa de um álbum para ouvir e
chorar por mais foi devidamente correspondida?
Ora
bem, o facto inegável que mais sobressai deste “AM” é que os rapazes que outrora criaram “Whatever People Say I Am, That’s
What I’m Not” (2006) e “Favourite Worst Nightmare” (2007) amadureceram. Mas aparentemente,
esta evolução que se tem vindo a revelar desde “Humbug” (2009), retirou uma certa irreverência
talvez adolescente da música feita pela banda, característca essa que a
diferenciou e posicionou num lugar
de destaque do Indie Rock e do panorama musical no geral. E com a perda
desta irreverência, as músicas a transbordar de energia dos Arctic Monkeys
(impossível esquecer “I
Bet you Look Good on the Dancefloor”, por exemplo) estancaram no 2º
disco e com elas perdeu-se também um elemento até então fulcral na sua
sonoridade : as sequências
rítmicas frenéticas da bateria de Matt Helders ( que valeu a alcunha de “Agile
Beast” ao baterista) como em “Brianstorm” ou “The View From the Afternoon”.
Eu
sei em que é estás a pensar, nunca se pode considerar o facto de uma banda
amadurecer algo negativo. E de facto quando escutei “Do I Wanna Know” (faixa que abre o novo disco)fiquei
com a sensação que a evolução do quarteto liderado por Alex Turner estava a
seguir um caminho que me iria agradar. Mas a verdade é que depois de ouvir “AM”
na sua totalidade, parece-me que esse caminho os levou a uma sonoridade na sua maioria muito
superficial, na qual as músicas se transformam em algo que acaba por não
ter muito “conteúdo”, quase como se tivessem sido influenciados por algo vindo da
Pop norte-americana (“Snap
ou of it” é uma das que infelizmente encaixa na descrição) .
“AM” (cujas 12 faixas
foram gravadas em Los Angeles,e que conta com a participação de Josh Homme,
Pete Thomas e Bill Ryder-Jones), é então um àlbum sobre paixões deseperadas,álcool
e coisas que tais (com “Why
Do You Only Call Me When You’re High” a encabeçar esse tema), que prometia
ser muito mais do que aquilo que revela ser. Apesar de tudo, o início do disco
é quase perfeito (e é uma pena que assim não continue)e abre com a brilhante e
sensual “Do I Wanna Know”,
colando-se desde logo a outra arrebatadora faixa que é “R U Mine?” deixando quem escuta com “água
na boca” para o que aí vem. Mas o que aí vem sabe a pouco, ressalvando talvez “Arabella” com acordes claramente inspirados em
“War Pigs” (sim sim, Black Sabbath)e onde Alex Turner demonstra, como já
nos vem habituando, uma fantástica capacidade para inventar belíssimas letras (“The horizon tries but it’s just not as kind on
the eyes as Arabella”, é um daqueles versos que não sai da cabeça), e “AM”
entra então numa calmia e
monotomia tal que não parece o mesmo disco que inicialmente começámos a
escutar (para esse efeito contribuem “No.1 Party Anthem” e “Fireside”, faixas que caem facilmente no
esquecimento),e assim continua até ao seu final.
Mas
atenção,não quero com isto
dizer que “AM” é um álbum mau e de muito difícil audição (considero até
que suplanta facilmente o seu antecessor), apenas o considero (prepara-te, vem
aí uma daquelas metáforas extremamente parvas mas com significado) uma laranja que parecia ter tanto sumo e que no fim
(e acredita que espremi bem) deu para pouco.
3 comentários:
antes de mais, parabéns por este cantinho que aqui tens, extremamente agradável e ilucidativo, diga-se de passagem :b
e só pra dizer que a minha primeira reação ao ouvir o AM foi exatamente a mesma que a tua... "R U mine?" WOOOOW "Do I wanna know?" DAAAAMN, "Arabella" JESUS!! e o resto depressa foi descendo na intensidade do eargasm... a cena é que eu decidi dar-lhe outra oportunidade e dedicar mais os meus ouvidos à Fireside, Snap out of it, e mais, que essas todas, à I wanna be yours. e posso dizer que não me arrependi nada e que o AM tem sido o álbum que mais tenho ouvido nos últimos meses, a par do novo de Franz... e com isto quero dizer que, se já lhe deste uma 2a oportunidade, devias dar uma 3a, ou uma 4a... e vais ver que nao te arrependes :) desculpa lá a seca.. continua com isto que vais bem!!
Muito obrigado pelas simpáticas palavras Marina! Em relação ao AM, devo dizer-te que mesmo antes de escrever este texto..tentei ouvi-lo algumas vezes para não cair no erro de analisar à primeira. Talvez o meu mal seja gostar demasiado dos primeiros discos da banda, e o que tento explicar aqui é exactamente isso. Não considero AM um mau álbum, apenas me diz e entusiasma menos em relação a outros dos Arctic Monkeys ;) Continua a participar e a comentar, que é para isso que esta coisa serve!
Foi exactamente essa a minha reacção. As três faixas iniciais pareciam o princípio de algo épico mas no final de contas, foi uma grande desilusão. Boa crítica, sem dúvida.
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