Dois anos passaram
desde o primeiro trabalho do britânico James Blake (um álbum homónimo, lançado em Fevereiro de 2011),
e este “Overgrown”
(dado a conhecer oficialmente a 8 de Abril do presente ano, e apresentado em
Portugal no festival Optimus Primavera Sound), álbum sobre o qual eu me vou
debruçar nos seguintes parágrafos, não sem antes fazer uma espécie de
retroespectiva da curta mas já recheada carreira deste brilhante músico. Ora então fica aí bem
aconchegado, que é exactamente isso que a música deste jovem pede.
James Blake, é então
o nome de um jovem londrino dotado de uma magnífica e angelical voz, que magistralmente
costuma conjugar com viciantes
e bem conseguidos ritmos electrónicos. E foi exactamente com esta brilhante fusão (a
qual é frequentemente catalogada como “electrónica minimalista”, que de
minimalista só tem mesmo o nome), que James Blake conquistou uma grande parte
do público que conseguiu atingir, tornando-se numa das maiores revelações da cena musical da
actualidade.
Como já referi
inicialmente, o primeiro trabalho de Blake (“James Blake”) foi então lançado em 2011,
suscitando rapidamente elevado interesse, que lhe valeu desde logo uma enorme
salva de elogios traduzidos em variados prémios, e uma nomeação para o
prestigiado Mercury
Prize. Para o sucesso deste primeiro trabalho, contribuíram então os
êxitos “Wilhelms
Scream” e “Limit
to your love” (sendo este uma genial versão do tema original de Feist).
Após todos este
acontecimentos, que vieram cimentar James Blake como um dos nomes mais entusiasmantes dos últimos
tempos, a expectativa em torno de “Overgrown” tornou-se enorme (por mim falo,
andei à espera disto durante tanto tempo!), e a verdade é que o mais recente
trabalho correspondeu (e atrevo-me a dizer-te , que até surpreendeu) a tudo o
que se poderia esperar do sucessor do aclamado “James Blake”.
Com “Overgrown”, James
Blake volta a demonstrar uma fantástica capacidade para desenvolver músicas
equilibradas e capazes de nos levar a um estado quase hipnótico. O background electrónico
chamativo, mas não exuberante (quase como se Blake tivesse o poder de
controlar todos estes sons, deixando-os à beira da “explosão” mas
suficientemente suaves para deixar a pureza da sua voz brilhar por cima desta “base”
musical), tem um resultado absolutamente magnífico, que funciona perfeitamente
como uma massagem
auditiva bastante agradável. Aliás, quero relembrar-te de um verso (curiosamente
presente em “Limit To Your Love” do álbum anterior) que se torna na definição
visual perfeita para este “poder controlado” presente na música de “Overgrown”:
“Like a waterfall in
slow motion”. (profundo ou não?)
Neste disco podes
encontrar então essa constante luta entre os elementos mais “clean” da música
de James Blake (sendo estes a voz e o piano, bastante presentes em faixas como “Dlm” e “Our Love Comes Back”) e o elemento electrónico e distorcido
que tão bem caracteriza o seu trabalho (mais exuberante em faixas como “Voyeur” e “Digital Lion”). Outro
tipo de construção musical apresentado pelo músico londrino é sem sombra de
dúvidas a repetição sonora, quer seja nas batidas electrónicas (relembrando os
“beats” de hip-hop, o que se acaba por confirmar em “Take a Fall For Me” com a
participação de RZA)
quer seja na parte vocal (a repetição de versos que acabam por não nos sair da
cabeça, como na fantástica “Life Round Here”; ou até mesmo de sons vocais apenas, como
presente no viciante single “Retrograde”). E todo este padrão repetitivo é possível
encontrar em faixas ao longo de todo o álbum (desde a música que abre e dá nome ao disco
e passando por “I am
Sold” e “To
the Last”), o que como já referi nos transporta para um perfeito estado
relaxante e perto da hipnose. Portanto sempre que estiveres a stressar ou em
conflito com o Universo, respira fundo e põe James Blake a tocar.
Terminando esta
divagação sobre este fantástico
trabalho trazido até nós por James Blake, falta-me apenas dar-te a ouvir
aquilo que estou aqui a falar há mais de 600 palavras. Fica então com o single
“Retrograde”,
e prepara-te para o
deixar em loop!
Sem comentários:
Enviar um comentário