30/08/2013

O Rapaz fala de: "Overgrown" (James Blake)



    Dois anos passaram desde o primeiro trabalho do britânico James Blake (um álbum homónimo, lançado em Fevereiro de 2011), e este “Overgrown” (dado a conhecer oficialmente a 8 de Abril do presente ano, e apresentado em Portugal no festival Optimus Primavera Sound), álbum sobre o qual eu me vou debruçar nos seguintes parágrafos, não sem antes fazer uma espécie de retroespectiva da curta mas já recheada carreira deste brilhante músico. Ora então fica aí bem aconchegado, que é exactamente isso que a música deste jovem pede.


   James Blake, é então o nome de um jovem londrino dotado de uma magnífica e angelical voz, que magistralmente costuma conjugar com viciantes e bem conseguidos ritmos electrónicos. E foi exactamente com esta brilhante fusão (a qual é frequentemente catalogada como “electrónica minimalista”, que de minimalista só tem mesmo o nome), que James Blake conquistou uma grande parte do público que conseguiu atingir, tornando-se numa das maiores revelações da cena musical da actualidade


   Como já referi inicialmente, o primeiro trabalho de Blake (“James Blake”) foi então lançado em 2011, suscitando rapidamente elevado interesse, que lhe valeu desde logo uma enorme salva de elogios traduzidos em variados prémios, e uma nomeação para o prestigiado Mercury Prize. Para o sucesso deste primeiro trabalho, contribuíram então os êxitos “Wilhelms Scream” e “Limit to your love” (sendo este uma genial versão do tema original de Feist).


   Após todos este acontecimentos, que vieram cimentar James Blake como um dos nomes mais entusiasmantes dos últimos tempos, a expectativa em torno de “Overgrown” tornou-se enorme (por mim falo, andei à espera disto durante tanto tempo!), e a verdade é que o mais recente trabalho correspondeu (e atrevo-me a dizer-te , que até surpreendeu) a tudo o que se poderia esperar do sucessor do aclamado “James Blake”.

Com “Overgrown”, James Blake volta a demonstrar uma fantástica capacidade para desenvolver músicas equilibradas e capazes de nos levar a um estado quase hipnótico. O background electrónico chamativo, mas não exuberante (quase como se Blake tivesse o poder de controlar todos estes sons, deixando-os à beira da “explosão” mas suficientemente suaves para deixar a pureza da sua voz brilhar por cima desta “base” musical), tem um resultado absolutamente magnífico, que funciona perfeitamente como uma massagem auditiva bastante agradável. Aliás, quero relembrar-te de um verso (curiosamente presente em “Limit To Your Love” do álbum anterior) que se torna na definição visual perfeita para este “poder controlado” presente na música de “Overgrown”: “Like a waterfall in slow motion”. (profundo ou não?)


    Neste disco podes encontrar então essa constante luta entre os elementos mais “clean” da música de James Blake (sendo estes a voz e o piano, bastante presentes em faixas como  “Dlm” e “Our Love Comes Back”) e o elemento electrónico e distorcido que tão bem caracteriza o seu trabalho (mais exuberante em faixas como “Voyeur” e “Digital Lion”). Outro tipo de construção musical apresentado pelo músico londrino é sem sombra de dúvidas a repetição sonora, quer seja nas batidas electrónicas (relembrando os “beats” de hip-hop, o que se acaba por confirmar em “Take a Fall For Me” com a participação de RZA) quer seja na parte vocal (a repetição de versos que acabam por não nos sair da cabeça, como na fantástica “Life Round Here”; ou até mesmo de sons vocais apenas, como presente no viciante single “Retrograde”). E todo este padrão repetitivo é possível encontrar em faixas ao longo de todo o álbum (desde a música que abre e dá nome ao disco e passando por “I am Sold” e “To the Last”), o que como já referi nos transporta para um perfeito estado relaxante e perto da hipnose. Portanto sempre que estiveres a stressar ou em conflito com o Universo, respira fundo e põe James Blake a tocar.


   Terminando esta divagação sobre este fantástico trabalho trazido até nós por James Blake, falta-me apenas dar-te a ouvir aquilo que estou aqui a falar há mais de 600 palavras. Fica então com o single “Retrograde”, e prepara-te para o deixar em loop!




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